quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Existe bolha imobiliária no Brasil?

As consequências de se consumir mais do que se produz são muito claras para a maioria das pessoas. Os limites dos cartões de créditos podem ser grandes, mas um dia eles acabam e o que segue a esse período de gastos excessivos são cortes e sacrifícios necessários para que a vida financeira volte a ter um equilíbrio.

Para a economia de uma nação inteira, o mesmo princípio é válido. Consumo sem poupança não é sustentável e, de acordo com a Teoria Austríaca de Ciclos Econômicos, consumir sem poupar é a causa das infames bolhas. Períodos de crescimento “milagroso” são seguidos de recessões e desemprego. Não existe almoço grátis.

Em linhas gerais, políticas monetárias, como diminuição da taxa básica de juros em excesso e a expansão da base monetária (impressão de dinheiro ou a criação digital de dinheiro), criam falsos incentivos para empreendedores, aumentando os preços e os salários nominalmente, gerando uma época de euforia representada pelo consumo e “crescimento” insustentáveis. O caso dos Estados Unidos, em 2008, quando os juros estavam em níveis baixíssimos e a população consumia como nunca na história, não nos deixa mentir e o resultado disso estamos vivendo até hoje.
Quando a inflação dos preços alcança níveis inadmissíveis para a população, a política monetária se inverte, destruindo a maioria dos investimentos de longo prazo. Os preços caem, as empresas têm prejuízos e o desemprego aumenta. Começa a época de sacrifícios para colocar a casa em ordem: a recessão. Em outras palavras, todo nosso castelo de areia se destrói.

Os setores mais afetados nesse ciclo são os de investimentos de longo prazo. Principalmente o setor imobiliário. Com os juros baixos em excesso, a construção de casas e apartamentos, que antes não era possível, se torna lucrativa e então os empréstimos são realizados e as obras começam. O crédito abundante cria uma demanda crescente por moradias, os preços aumentam e logo um mercado especulativo é criado. Investidores percebem que comprar na planta e revender depois é um método fácil de ganhar dinheiro. Tudo isso é sustentado pelo crédito abundante e barato. Quando os juros sobem, os lucros dos empreendimentos desaparecem, as construtoras sofrem, os preços caem e os especuladores também perdem dinheiro e, numa espiral de prejuízos, a economia inteira é afetada.


Os dados apontam que é exatamente isso que está acontecendo no Brasil, já experimentamos o crescimento “milagroso”, mas já esta chegando a hora de pagar a conta.
Este gráfico mostra a evolução do crédito imobiliário nos últimos 10 anos.



Ou seja, de 2007 a 2012, o crescimento do setor assumiu um caráter exponencial, as medidas tomadas para “amenizar” os efeitos da crise, e o desespero do governo Dilma de replicar o milagre econômico do governo Lula, têm o mesmo efeito que as políticas do FED na época do Greenspan, durante o governo Bush, que resultaram em uma bolha imobiliária, ocasionando a inflação artificial de um mercado.
É importante que se analise não só a quantidade de crédito que temos no mercado, mas também a taxa de crescimento ocasionada por esse fator. Esse segundo gráfico nos mostra justamente isso, ou seja, ele nos demonstra o que está acontecendo com a taxa de crescimento anual do crédito do setor imobiliário.





Como vemos, o crescimento exponencial do crédito já está se tornando insustentável e começa a diminuir. Com a diminuição da taxa de crescimento, a quantidade de apartamentos vendidos na planta começa a cair, os preços seguem a tendência de queda, o medo de prejuízos diminui ainda mais a disponibilidade de crédito e estamos a caminho de uma crise no setor.
Apesar de sempre nos remetermos ao caso dos Estados Unidos quando estamos falando de uma bolha imobiliária, é importante dizer que os efeitos do estouro da bolha aqui no Brasil não serão os mesmos dos EUA.
Isso acontece pois, embora esteja em crescimento, a porcentagem que a participação do crédito imobiliário no Brasil representa do PIB é pequena se comparada a dos países desenvolvidos, como mostra o gráfico a seguir.




Por fim, é importante dizer que o juro baixo é uma tendência mundial, que afeta os consumidores de maneira positiva e traz benefícios para a população. Mas essas medidas a fim de aquecer a economia devem ser tomadas com responsabilidade, pois a história nos mostra que depois da euforia sempre vem a crise.
Muitos dizem que no Brasil é diferente, que o Banco Central é muito mais conservador e as regulações sobre os bancos é muito mais pesada, porém, assim como a lei da gravidade aqui é a mesma que nos outros países, as leis da economia também são as mesmas.  Se os cidadãos e o governo não se atentarem para esse fato, as dívidas vão aumentar, a fatura do cartão de crédito vai chegar, e quem vai pagar é o povo brasileiro.

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